HORIZONTE LONGÍNQUO
Longa se torna a espera
No vazio de um abraço
Lá longe, onde o negro impera
O coração vai sucumbindo de cansaço.
Pintando o mundo de azul escuro
Numa escuna vogando triste
Lá longe, onde se ergue o muro
O coração vai sofrendo, mas resiste.
Sonha acordado no dia, noite feita
Procurando trilhos que o tempo não apaga
Lá longe, onde o frio espreita
O coração vai lembrando a imagem vaga.
Sorrindo, o mar embala o sonho
Criando ondas e mensagens no luar
Lá longe, onde o céu não é risonho
O coração vai continuando a chorar...
Parado no deserto imenso
De ideias e pensamentos soltos ao vento
Lá longe, onde o olhar queima o incenso
O coração vai culpando o seu sentimento.
Lá longe! Onde os minutos contam histórias
Lá longe! Onde os meses passam e ninguém vê
Lá longe! Onde tudo são memórias
O coração vai vivendo do quê?
(Kundun - Outubro 2004)