Código Binário

Sem grandes pretensões, o escriba de serviço quer partilhar opiniões, sentimentos e angústias num mundo em que as possibilidades são só duas: sim ou não. Fala-se de tudo, desde a religião, passando pelo sexo e pelo futebol, sem deixar a política de parte...

terça-feira, janeiro 25, 2005

UMA VERDADE

Não se ama alguém que não ouve a mesma canção...

segunda-feira, janeiro 24, 2005

TU

Tu acendes a chama do teu olhar
No mesmo segundo que te vejo passar
Como uma seta apontada ao desconhecido
Como um sopro de paz voando baixinho
Tu dizes, sentes, calas o mundo que te rodeia
Fazes as paredes ruir, as pedras chorar
O tempo correr lento num longo murmúrio
Que perdura na eternidade do sorriso
Tu estás sempre aqui
Sempre tão viva, tão real
Como o firmamento pleno de estrelas longínquas
Como o ar puro que o nada teima em crucificar
Tu és única, original
Um risco de uma tela cheia de linhas inacabadas
Chorando palavras que o tempo não apaga
Chovendo em mim um todo um imaginário sem fim

quinta-feira, janeiro 20, 2005

PENSAMENTO DO DIA

"A pior forma de sentir falta de alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca a poderás ter".

terça-feira, janeiro 18, 2005

DESPEDIDA DESILUDIDA

Sol, lua, terra, mar
Fogo, voz, odor, cheiro
Amar, querer, chegar
Fumo que sai do cinzeiro

Não digas mais nada
Não quero saber o que dizes agora
Estou perdido na emboscada
Do barco que se vai embora

Leva com ele toda a verdade
Num baú cheio de recordações
Deixando somente a saudade
Com milhares de desilusões

Leva tudo o que me fez perder o sentido
O que é a vida sem recheio?
É um caminho longo e descolorido
Quero chegar ao fim sem viver o meio

O meu coração bate, mas para quê bater?
Não quero ver o que vejo
Cega o dia que aí vem a nascer
Faz luz do meu desejo

Quero esquecer que existi num mundo
Onde já não quero estar
Pois o que tenho de mais profundo
Não tem onde poisar

Voa para a morte
Voa, dá asas para não sofrer
Procura uma melhor sorte.
No outro lado talvez vá ter

Desaparece, não deixes rasto
Enxuga as lágrimas de sal
Que molham o leito seco e gasto
Já não quero ser um simples mortal

Quero ouvir o vento sussurrar
Aos meus ouvidos de mansinho
O que tu amas não vai chegar
Procura outro caminho

O céu vai chorar, talvez
Tudo o que queria descobrir
Só tu não o vês
Só tu não vais sentir

Minha falta num poema
Numa carta, numa nota
Num filme de cinema
Ou no silêncio à tua volta.

Fez-se silêncio. Será que já morri?
Será que já vejo o além?
Não. Ainda não consegui
Continuo a ser ninguém...

Mas já morri um dia
Morte igual nunca terei
Pois a tristeza que nasceu da alegria
Sei que dela jamais sairei

Preso estou numa masmorra
Sem chave para abrir
À espera que morra
Daqui quero fugir

Já estive perto da eterna felicidade
Vivi na ilusão de a possuir
Mentira, calúnia de tenra idade
Uma vida passada a fingir

Morro, vivo para morrer
Não era isto que eu queria
Então para quê viver?
Vou apressar a minha estadia

Desfaleço nos dias que correm
Esmoreço gasto às incidências da minha vida
Minhas forças já morrem
Nesta triste despedida

Adeus, mundo cruel
Estou de partida para não voltar
Mas a ti serei fiel
Até à minha alma se apagar.

Amar-te-ei até ao limite da minha força interior
Venerar-te-ei como veneram o Senhor
Que lá no céu
Abençoará este amor só teu

Não te esqueças destas palavras singelas
De alguém que sofre com punhais
Cravados em suas costelas
Adeus! Até sempre e nunca mais!

quarta-feira, janeiro 12, 2005

ODORES

Tenho saudades do teu cheiro. Recordo-me de quando entrava em tua casa, e a tua Primavera inebriava o meu corpo adormecido. Chamavas-me para o teu espaço, para os lençóis onde os meus dedos massajavam o teu cabelo e os meus sentidos percorriam os teus, caminhando pelos campos perfumados, expostos ao vento das carícias que te tocavam as pétalas. No teu quarto era chuva inundando a seara, e as tuas espigas cresciam num remoinho de emoções contidas ao sol que reluzia no teu olhar.
O teu cheiro caminha em mim e permanece intocável. O olfacto é dos sentidos mais apurados que tenho e isso devo-o a ti, que me aperfeiçoaste e me invadiste ao longo da vida em comum...

segunda-feira, janeiro 10, 2005

PRÓXIMO DESTINO: BURUNDI ?

Os nossos governantes andam animadíssimos, a gastar os últimos foguetes antes das eleições legislativas. O Primeiro-Ministro vai à Argélia, para ver como param as modas num país super desenvolvido, enquanto o Ministro da Presidência vai até São Tomé e Príncipe, aproveitar o bom tempo para aprender alguma coisa nova - falta saber se será à beira de água, acompanhado de um bom marisco. Ai, ai...

domingo, janeiro 09, 2005

VISÃO DOLOROSA

Hoje "vi-te". Já passava algum tempo que o meu olhar não se cruzava com o teu, e apenas te digo que percebo o quão importante és para mim. Curioso como os dias passam e tu não desapareces da minha vida. A taquicardia começa quando te sinto, apesar de não nos falarmos. Nem sei como estou a conseguir escrever estas linhas sem sequer verter uma lágrima; talvez seja por já ter derramado um mar de ilusões nos últimos tempos e de ter dito a mim mesmo que 2005 ia ser o ano para recomeçar a viver, sem esquecer o que passámos.
Mas pronto, tu ainda existes e o meu ser não se liberta desse fantasma que me assombra noite e dia sem descanso. Gostava de te poder falar ao coração, como o fiz tantas vezes sem medo de falhar ou de ser infeliz, mas sei que já não me ouves nem sequer me ligas.
Acaso ainda te lembras de mim? De nós e de tudo o que sonhámos construir em conjunto?
Penso, logo existo, por isso insisto em alcançar-te. Não sei se conseguirei, mas vou tentar. Também o que custa mais um esforço, depois de tantos anos a tentar? Aliás, eu tenho sempre esta terrível tendência para não desistir, apesar do meu coração teimar em dizer para parar...