DIAS DE ESPERANÇA
Dias passaram na minha vida
Ausente, longínqua, sentida
A paixão, onde andava ela?
Quando se abriria a janela?
Medos percorriam o meu ser
Fraco, abstracto, frio de prazer
A mente pelas negras feridas queimada
Por um fumo baço sem chama ateada
Tentei sem fim percorrer o deserto
O futuro vazio, estranho, incerto
O coração em vão jogando dados
Cheios de esperança mas eternamente viciados
Palavras soltas, esquecidas na memória
Fendas num mundo sem estória
Conversas que ninguém ouve nem sente
Um negro silêncio que te empurra e te mente
Hoje enfim, amor, chegaste aqui
Uma suave pincelada, um breve croqui
Pintada numa cativante aguarela
Linda, serena, doce e bela
Amo-te! Será dizer pouco agora
Querer que nunca te vás embora
Sentir a tua alma num mar de luz
Que me envolve e longamente me seduz
Desejo-te como manhã abraçando a eternidade
Num sentimento sem tempo nem idade
Lágrimas doces vertem por tanto te querer
Assim tu sejas minha, assim eu possa ser.
(Kundun - Dezembro 2004)