ODISSEIA
Lábios secos e doridos
Procuram a água de um sorriso
Perdidos no tempo, esquecidos
Encontram por fim o paraíso
O paraíso? Ou será que perdi o juízo perdido?
Já não sei se penso ou se sonho acordado
Estou louco, como um touro enraivecido
Por um amor tão estranho, mas tão dourado
Amo em silêncio as sombras do teu olhar
Constantes, fundas e tão belas
Sonetos, odes, canções de embalar
Que num sopro abrem portas e janelas
Beijo o chão onde caminhas
Toco o cheiro do teu cabelo num segundo
Faço das tuas palavras estrelas minhas
Penas suaves que enternecem o meu mundo
Sinto o teu respirar ardente, sedento de carinho
Nossos corpos unidos, mergulhados num mar de beijos
Sou como um Ulisses que procura o caminho
Para encontrar a Penélope dos seus desejos
À noite, vejo-te tecer as linhas do meu coração
Ligado como estou a ti, sem retrocesso
Tu és o meu Armagedão
Destruíste a tristeza do meu universo
É tão belo o calor, a magia que irradias sem fim
És o sol da minha vida até então escura, vazia
A ninfa que me acolheu na tempestade que havia em mim
A Calipso que me faz desejar a sua companhia.
(Kundun)