LÁGRIMAS
Meus olhos tantos mares soltaram
Que já nem sei onde navego
De tanto te querer, sonhos naufragaram
No deserto de quem vive cego.
Sonhos, apenas sonhos
Nada mais do que ilusões sombrias
Pecados lentos, sofrimentos medonhos
Que não aquecem as noites frias
Cruzadas, lutas, descobertas milenares
Esquecidas do tempo que não volta
Que desapareceu ao passares
Mas que deixo com rédea solta
Por isso pinto-te na bruma
Sem saber porque o faço
Será pelo teu manto de espuma?
Será pelo calor do teu regaço?
Não encontro razão alguma para te querer
Tanta dor, incompreendida, que me mata
Sufocando lentamente o adormecer
Do dia que nasceu com cor de prata
Mesmo assim, busco-te no vazio do meu olhar
Da imensidão do sol poente
Ao fogo-fátuo que tenta abraçar
A lembrança vaga que me mente.
(Kundun)