Código Binário

Sem grandes pretensões, o escriba de serviço quer partilhar opiniões, sentimentos e angústias num mundo em que as possibilidades são só duas: sim ou não. Fala-se de tudo, desde a religião, passando pelo sexo e pelo futebol, sem deixar a política de parte...

segunda-feira, novembro 29, 2004

SILÊNCIO

Amo-te!
Não sei bem porquê, nem qual a razão
Só sei que o meu coração explode
Quando te vejo passar no meu mundo.

Olho bem dentro de ti
E o que vejo?
O vazio, a indiferença atroz
Um campo de rosas murcho pelo tempo

Não sei porque reages assim
Talvez seja minha a culpa, quem sabe?
Talvez seja apenas a tua forma de dizer adeus
Sem que os teus lábios se movam

Tento por todas as formas alcançar-te
Sentir-te, respirar-te dia após dia
Mas tu apenas exalas ódio, amargura
Porquê, meu amor? Que foi que eu te fiz?

Aproximei-me demasiado na loucura
De tentar ser feliz contigo
Na loucura de tentar amar-te
E o que recebi em troca?

Apenas o silêncio....
Nada mais que o escuro som do teu silêncio
Que mais posso dizer agora, meu amor?
Nada, apenas me resta mergulhar no incerto.

(Kundun - Novembro 2004)

sábado, novembro 27, 2004

PORQUE TE AMO...

If you’re not the one then why does my soul feel glad today?
If you’re not the one then why does my hand fit yours this way?
If you are not mine then why does your heart return my call?
If you are not mine would I have the strength to stand at all?

I'll never know what the future brings
But I know you're here with me now
We’ll make it through
And I hope you are the one I share my life with

I don’t want to run away but I can’t take it, I don’t understand
If I’m not made for you then why does my heart tell me that I am?
Is there any way that I can stay in your arms?

If I don’t need you then why am I crying on my bed?
If I don’t need you then why does your name resound in my head?
If you’re not for me then why does this distance maim my life?
If you’re not for me then why do I dream of you as my wife?

I don’t know why you’re so far away
But I know that this much is true
We’ll make it through
And I hope you are the one I share my life with
And I wish that you could be the one I die with
And I pray in you’re the one I build my home with
I hope I love you all my life

I don’t want to run away but I can’t take it, I don’t understand
If I’m not made for you then why does my heart tell me that I am
Is there any way that I can stay in your arms?

‘Cause I miss you, body and soul so strong that it takes my breath away
And I breathe you into my heart and pray for the strength to stand today
‘Cause I love you, whether it’s wrong or right
And though I can’t be with you tonight
You know my heart is by your side

I don’t want to run away but I can’t take it, I don’t understand
If I’m not made for you then why does my heart tell me that I am
Is there any way that I could stay in your arms

(IF YOU'RE NOT THE ONE - DANIEL BEDINGFIELD)

sexta-feira, novembro 26, 2004

IMPÉRIO DOS SENTIDOS

Olha-me
Dizias tu em intensa loucura
Toca-me
Enquanto nos afogávamos num mar de ternura
Beija-me
E o silêncio abraçava-se na voz
Sente-me
E o mundo deixava de existir para nós

E então tu eras chama inflamada
Tição em brasa ardendo lentamente
E eu água e luz misturada
Poção misteriosa em si dormente

E tu voltavas à carga, nua e crua
Caminho nas estrelas vagabundas da alma
E eu balão cheio que flutua
Nas ondas revoltas, pedindo calma.

terça-feira, novembro 23, 2004

AREIA MOVEDIÇA

O chão é como uma cama. Rebolámos horas a fio num intenso jogo de prazer. Disseste-me que eras feliz, que o mundo só existia naquele instante, onde NÓS coabitávamos num movimento constante de carícias, tocando as almas nuas e suadas. Hoje, olho para trás e penso que vivemos uma irrealidade, um sonho mau. Era mesmo isso que sonhava? Era mesmo isso que eu queria quando te abraçava na eternidade de um gesto, de um toque no teu cabelo? Era isso que tu querias quando me invadias com a tua imensidão de cores?

O deserto caminha lado a lado com o sol, com a sede, com a ânsia de chegar a um oásis. Mas a areia, sempre a areia, está lá a dificultar a nossa caminhada, a consumir as nossas forças num desespero sem fim...

segunda-feira, novembro 22, 2004

PEQUENAS "LOUCURAS"

Tocava o teu cabelo e suavemente acariciava-te o pescoço, com a boca lentamente se aproximando, suspirando e arfando um pouco do desejo, enquanto os lábios não se encostavam na tua pele macia. Ao sentirem a tua pele, moveram-se num ímpeto de paixão - entretanto, a minha mão continuava a acariciar-te o cabelo docemente -.

Aos poucos, deslizando para a tua face rosada, os meus lábios procuraram os teus, onde saciariam a vontade. A minha língua penetrou na tua boca, não sem antes percorrer os teus lábios, sedentos e húmidos.

As minhas mãos soltaram-se, tacteando o mapa do teu corpo, enquanto os nossos lábios continuavam em jogos de carícias. Os teus montes vigorosos ansiavam por um toque e o teu sexo, quente, ansiosamente esperava por mim.

Lentamente desci pelas estradas sinuosas do teu ser e, desbravando novos caminhos, procurei-te sem medo nem pudor. Senti-te a rédea solta, unida a mim num longo abraço, amando e vivendo, procurando mil momentos de prazer até ao momento final.

Eu amava-te e o mundo poderia acabar naquele momento, que eu morreria feliz.

ODISSEIA

Lábios secos e doridos
Procuram a água de um sorriso
Perdidos no tempo, esquecidos
Encontram por fim o paraíso

O paraíso? Ou será que perdi o juízo perdido?
Já não sei se penso ou se sonho acordado
Estou louco, como um touro enraivecido
Por um amor tão estranho, mas tão dourado

Amo em silêncio as sombras do teu olhar
Constantes, fundas e tão belas
Sonetos, odes, canções de embalar
Que num sopro abrem portas e janelas

Beijo o chão onde caminhas
Toco o cheiro do teu cabelo num segundo
Faço das tuas palavras estrelas minhas
Penas suaves que enternecem o meu mundo

Sinto o teu respirar ardente, sedento de carinho
Nossos corpos unidos, mergulhados num mar de beijos
Sou como um Ulisses que procura o caminho
Para encontrar a Penélope dos seus desejos

À noite, vejo-te tecer as linhas do meu coração
Ligado como estou a ti, sem retrocesso
Tu és o meu Armagedão
Destruíste a tristeza do meu universo

É tão belo o calor, a magia que irradias sem fim
És o sol da minha vida até então escura, vazia
A ninfa que me acolheu na tempestade que havia em mim
A Calipso que me faz desejar a sua companhia.

(Kundun)

quarta-feira, novembro 17, 2004

MUDANÇAS

Pediste-me para mudar. E eu, contra o meu coração, fi-lo. Não sei porque o fiz, mas há tantas razões que a razão desconhece. Hoje, olho para trás e sinto revolta. Angústia, amordaçada durante longos anos sem um pingo de saudade.

O teu amor é injusto. Vives num mundo onde não ouves e não te importas com o próximo. Flutuas simplesmente num caos minimamente organizado. Então porque me pediste para mudar? Não sei se sabes, mas gostamos das pessoas pelo que elas são, não pelo que gostaríamos que fossem. Foi o teu primeiro grande erro.

O teu amor é inseguro. Quando me conheceste era um estranho para ti ou uma alma gémea que (re)encontraste? A imagem projectada para o futuro era eu, não um clone sem sentimentos. Pensares que eu não estava ali sempre presente foi o teu segundo grande erro.

O teu amor é infantil. Só pensas em ti e nada mais. Falhas todos nós cometemos e o caminho constrói-se em conjunto, não é fugindo às responsabilidades ou criando barreiras onde não existem. Foi o teu terceiro grande erro.

Disse-te um dia que erros todos nós cometemos e reconhecê-los é uma grande virtude. Foste tu capaz de o fazer? Algum dia o serás?

TRISTEZAS

Detenho-me no sossego do meu quarto. Olho à volta. Desilusão, trevas, tudo entristece este já de si triste recanto. Vai-te embora solidão, leva contigo a escuridão da minha alma, vazia, morrendo lenta, sem luz, sem ar, sem alguém para abraçar nas longas noites de silêncio em que deliro, em que vagueio no infinito dos meus desejos resplandecentes.
Tu percorres minhas noites, ao som do violino que toca minha alma, meu mundo íntimo, o céu do meu céu, o mar do meu mar, o amor do meu amor, tudo aquilo que tenho e que ninguém quer. Desaparece daqui para fora, controla teus anseios de me impedires de sentir o nirvana que quero alcançar, deixa percorrer este sabático caminho, cheio de perigos, mas compensador se chegar ao sítio certo.
Entretanto, a escuridão é a minha visão, o meu cheiro são as trevas, minha comida é o negro que me envolve num longo abraço homicida do qual me quero libertar para sempre.

terça-feira, novembro 16, 2004

VOLTA

As estrelas guiam intensamente
O caminho de quem ama
Mantendo o coração quente
E o desejo em chama

A lua ilumina docemente
A alma de quem suspira
Pelo sopro tão premente
Da tua voz de safira

O sonho comanda a vida
Mas também comanda a morte
Duma paixão perdida
Abandonada pela sorte

Sonho contigo toda a madrugada
Vivo contigo no pensamento
Só sei pensar em ti, minha amada
Apaga este meu sofrimento

Volta para casa onde te espero
Receber-te-ei de braços abertos
Pois é tanto o que eu te quero
Mantém meus sonhos despertos

Deixa que chova lá fora
Que as gotas rolem no telhado
Mas ama-me, não te vás embora!
Eu apenas sou um louco apaixonado

Não importa que o que digam de mim
Sejam mentiras ou verdades
Só quero que entendas o meu fim
Quando digo que morro de saudades!


(Kundun)

domingo, novembro 14, 2004

VAZIO

O vazio é o estar cheio de nada. É um buraco negro do Universo da nossa vida. É um espaço ocupado pelas amarguras que destroem o amor e o desejo humano como forças da natureza. É todo um medo de viver que consome o coração pouco a pouco. O vazio vai enchendo toda uma vida esquecida pelo Cupido, mas agarrada pelo absoluto silêncio da solidão, presa como parasitas nesse imenso campo, onde todo o dia desabrocha uma nova flor para compor tão triste jardim...

sábado, novembro 13, 2004

JUNTOS

Amo-te quando os nossos olhares se fundem
Numa encruzilhada de emoções
Sadias viagens perfeitas de circum navegação
Espreitando a alvorada num abraço apertado

Amo-te quando as tuas ancas se soltam
E o teu íntimo avança numa voragem de ilusões
Sensualmente transpirando imagens, sons e luzes
Num imenso mar de prazer

Amo-te quando o nada deixa de existir
E a lua reina sobre o nosso mundo de sensações
Chovemos lágrimas de alegria
E em surdina falamos do abstracto

Por momentos paramos o espaço e o tempo
Sentimos o silêncio calar-se de vez
Beijamo-nos em despidas carícias
E juntos caminhamos para o infinito

(Kundun)

terça-feira, novembro 09, 2004

CORAGEM

Fiz-me sozinho. Cresci sozinho, como o meu amor foi em crescendo, sempre que te via a descer as escadas do teu prédio, ou a entrar para o autocarro, enquanto eu sentia o tempo passar no outro lado da rua. Nunca fui corajoso para te dizer o que sentia, o que os meus olhos sonhavam quando o teu cabelo esvoaçava e os teus passos sussurravam uma realidade inalcançável para mim.
Procurei-te num mundo só teu, numa realidade só tua. Pensei que isso era uma coisa boa. Hoje vejo que não. Ninguém jamais poderia acreditar nessas palavras que não tinham sentido algum. Aliás, fará algum sentido aquilo que escrevo agora?

LÁGRIMAS

Meus olhos tantos mares soltaram
Que já nem sei onde navego
De tanto te querer, sonhos naufragaram
No deserto de quem vive cego.

Sonhos, apenas sonhos
Nada mais do que ilusões sombrias
Pecados lentos, sofrimentos medonhos
Que não aquecem as noites frias

Cruzadas, lutas, descobertas milenares
Esquecidas do tempo que não volta
Que desapareceu ao passares
Mas que deixo com rédea solta

Por isso pinto-te na bruma
Sem saber porque o faço
Será pelo teu manto de espuma?
Será pelo calor do teu regaço?

Não encontro razão alguma para te querer
Tanta dor, incompreendida, que me mata
Sufocando lentamente o adormecer
Do dia que nasceu com cor de prata

Mesmo assim, busco-te no vazio do meu olhar
Da imensidão do sol poente
Ao fogo-fátuo que tenta abraçar
A lembrança vaga que me mente.

(Kundun)

segunda-feira, novembro 08, 2004

WHY?

The light brings so much joy and happiness,
But when you lose all that glamour
The entire world stops to cry and see.
I still remember your smile in my eyes
Your sweet skin in my hands
Your lips in my mouth, with your wet tongue
Passing through my teeth.
Was so beautiful our love, but suddenly it disappears.
Why does it hurt so bad?

Why don't you say a word?
Just a single word to comfort my heart
Screaming angry tears, bloody tears, dropping like
Crystals crashing on the floor.
I wanna hold you in my arms, put my faith in you

But you don't even try to listen.
Why does it hurt so bad?


I´m deeply sad, my days are empty and completely out of pink.
My head is shaking, is dying every second without you near me,
To help me get trough this wild world, with so many envy.
Don't be like the others, if only I could turn back time, maybe
The things were now different.
Who knows, but why does it hurt so bad?


(Kundun - Novembro 2004)

quinta-feira, novembro 04, 2004

MOMENTO FINAL

Sentir o chão que desaba no nada
Viver o tempo sem pressa de chegar
Olhar o horizonte, subir a escada
E no final, não ter o que agarrar

Esperar horas, dias, anos, sem esmorecer
Aprisionado à luz que vagueia no ar
Repetir passos, frases e ideias sem perceber
E no final, não ter o que agarrar

Que sonho, que ilusão trazida no bornal
Que falha, que erupção sussurrando devagar
Qual maremoto surgindo sem sinal
Num lento e mórbido abraçar


(Kundun - Novembro 2004)

quarta-feira, novembro 03, 2004

OPOSTOS

Minhas as mãos que te anseiam
Tuas as negações de prazer
Minhas as palavras que receiam
De ti um nada mais que não querer

Minhas as dores que não passam
Tuas as alegrias no éter em crescendo
Minhas as mágoas que noite façam
Em ti um dia amanhecendo


Minhas as imagens de solidão
Tuas as frases ao vento soltas
Minhas as lágrimas em comunhão
Por ti pensando que voltas.

(Kundun-Novembro 2004)

terça-feira, novembro 02, 2004

INSANIDADE

Espero por ti o que for necessário
Escondendo as minhas fraquezas
Lutando contra os restos de um imaginário
Que nada mais são que incertezas

Espero por ti no silêncio da madrugada
Buscando-te no fundo de uma memória
Que o vento deixa ancorada
Numa paz de espírito sem história

Espero por ti, mas valerá a pena?
Continuo a acreditar que sim
Mas nem sei se sou eu que acena
Toda a loucura num pranto sem fim


(Kundun - Novembro 2004)

ELEIÇÕES PARA SENHOR DO MUNDO

Hoje decide-se o futuro imediato da América e do Mundo. Bush ou Kerry? Sinceramente, venha o Diabo e escolha.
No entanto, preferia a vitória dos Democratas, porque Bush já teve um mandato de má gestão interna como, e principalmente, externa. Não tem o mínimo de sensibilidade para o mundo exterior aos EUA - poucos americanos o têm, é um facto - e mesmo internamente, as suas medidas foram em grande parte desajustadas. Kerry é uma incógnita e, apesar da sua aparência frágil, parece ligeiramente mais inteligente que Bush e com uma visão do Mundo mais alargada.
O cerne da questão situa-se no sistema de votação americana, que é de eleição indirecta. A existência de Estados onde há um maior número de delegados para escolha do Presidente - derivado ao número de habitantes - pode levar a situações como a de há 4 anos, quando Bush venceu as eleições, mesmo tendo obtido menos votos que Al Gore. Curiosamente, como quem com ferro mata com ferro morre, prevejo que hoje poderá acontecer exactamente o mesmo, com a balança do poder a pender para John Kerry.
De qualquer forma, apetece-me ser como o outro e dizer: prognósticos, só no fim do jogo...